Pular para o conteúdo principal

Rede Super FM

Rede Super FM G1

Rede Super FM G1

Rede Super Rádio Brasil

Rede Super Rádio Brasil

Você evita falar sobre traumas? Entenda os riscos do silêncio emocional

     Você evita falar sobre traumas? Entenda os riscos do silêncio emocional


Patrícia Capeluto


Falar sobre traumas e outros temas delicados sempre foi um desafio. Muitas vezes, preferimos evitar conversas difíceis por medo de reviver dores, causar desconforto ou simplesmente por não saber como iniciar o diálogo. No entanto, o silêncio pode ser tão prejudicial quanto o próprio trauma. Não falar sobre algo que nos machuca não faz com que ele desapareça; pelo contrário, pode torná-lo ainda mais presente, se manifestando em ansiedade, isolamento e dificuldades nos relacionamentos.


A comunicação, quando bem conduzida, tem o poder de transformar feridas em aprendizados e construir relações mais saudáveis. No entanto, para que isso aconteça, é preciso aprender a criar espaços seguros, ouvir sem julgamento e se expressar com clareza e respeito.


Conversar sobre temas tabus exige coragem, mas também pode ser libertador. É um processo que nos ajuda a dar sentido ao que vivemos, ressignificar experiências e, acima de tudo, nos conectar verdadeiramente com os outros.


Mas por que evitamos esses diálogos? Como podemos transformar essas conversas em oportunidades de cura e desenvolvimento? Este texto explora a arte de conversar sobre traumas e temas delicados, destacando sua importância e fornecendo estratégias para abordar essas questões de forma mais assertiva e empática.


Desde pequenos, aprendemos que certos assuntos não devem ser mencionados. A sociedade e até mesmo a cultura familiar nos ensinam a esconder sentimentos e "seguir em frente" sem processar o que realmente aconteceu. Isso cria um ciclo de silêncio onde o trauma permanece, mas nunca é nomeado.


Além disso, há o medo do julgamento. Muitas pessoas temem que, ao compartilhar suas experiências, sejam vistas como fracas, dramáticas ou incapazes de lidar com suas emoções. Em outros casos, o receio é reviver a dor, trazendo à tona sentimentos que estavam, aparentemente, sob controle.


No entanto, não falar sobre um trauma não significa que ele foi superado. Pelo contrário: quanto mais evitamos um assunto, mais poder ele tem sobre nós.


O impacto do silêncio no trauma


O silêncio pode parecer uma solução temporária, mas a longo prazo ele pode gerar impactos profundos. Estudos mostram que experiências traumáticas não processadas podem se manifestar fisicamente e emocionalmente. Sintomas como ansiedade, insônia, estresse crônico e até dores musculares podem estar ligados a traumas não verbalizados.


Além disso, a falta de comunicação pode dificultar os relacionamentos. Quem passou por uma experiência difícil pode se fechar para o mundo, criando barreiras emocionais que impedem conexões genuínas.


Por outro lado, falar sobre o que nos machuca pode ser um passo essencial para a cura. Como ressalta a especialista em comunicação assertiva e não violenta, Patrícia Capeluto, a verdadeira comunicação não é apenas sobre palavras, mas sobre a conexão que criamos e a confiança que transmitimos. Quando conseguimos expressar nossas dores de forma segura, encontramos acolhimento e, muitas vezes, novas perspectivas sobre o que vivemos.


Portanto, falar sobre traumas exige um ambiente seguro. Se uma pessoa sente que será julgada, ignorada ou que sua dor será minimizada, dificilmente irá se abrir. Criar um espaço onde temas difíceis possam ser discutidos sem medo é fundamental para que essas conversas aconteçam de forma saudável.





Algumas atitudes que podem tornar um diálogo mais seguro incluem:


Escuta ativa: Demonstrar interesse genuíno, sem interromper ou tentar "consertar" a dor do outro.
Validação emocional: Frases como "Entendo que isso deve ter sido muito difícil para você" podem fazer toda a diferença.
Evitar comparações: Cada experiência é única. Dizer "Isso acontece com todo mundo" pode invalidar a dor da pessoa.
Respeitar o tempo do outro: Nem todo mundo está pronto para falar sobre um trauma imediatamente. O importante é que a pessoa saiba que pode contar com você quando se sentir confortável.
Estratégias para abordar temas difíceis
Conversar sobre traumas e temas tabus pode ser desafiador, mas existem formas de tornar essa experiência menos dolorosa e mais produtiva. Algumas estratégias incluem:


1. Escolha o momento certo
Evite iniciar uma conversa difícil quando você ou a outra pessoa estiverem cansados, estressados ou distraídos. Um ambiente tranquilo pode fazer toda a diferença.

2. Seja claro sobre sua intenção
Dizer algo como "Gostaria de falar sobre isso porque acho que me ajudaria a entender melhor o que aconteceu" pode reduzir a resistência e abrir caminho para um diálogo mais honesto.

3. Use mensagens ‘eu’
Frases como "Eu me sinto assim quando isso acontece" evitam que o outro se sinta culpabilizado ou na defensiva. Isso facilita a construção de um diálogo saudável.

4. Aceite os silêncios
Conversas difíceis podem trazer emoções intensas. Permitir pausas sem pressionar o outro a responder imediatamente pode tornar a troca mais leve e sincera.

5. Busque apoio profissional, se necessário
Em alguns casos, contar com um profissional pode ser essencial para conduzir essas conversas de forma saudável e evitar gatilhos que possam intensificar a dor.
O poder da comunicação na cura emocional
A comunicação tem um papel essencial no processo de cura. Ao falarmos sobre o que nos machuca, damos um nome ao problema, tiramos seu peso invisível e começamos a processá-lo de maneira mais consciente.


Patrícia destaca que a comunicação assertiva não se trata apenas de falar, mas de criar um espaço onde a verdade possa ser dita sem medo. "A comunicação é sobre criar conexão, sobre garantir que o outro se sinta seguro para expressar o que sente sem ser julgado ou interrompido."


Quando aprendemos a ter conversas difíceis com respeito e empatia, transformamos a comunicação em um instrumento de fortalecimento emocional. Deixamos de lado o medo do desconforto e passamos a enxergar o diálogo como uma oportunidade de crescimento.


Desse modo, ao aprender a abordar temas difíceis com empatia, respeito e coragem, criamos um ambiente onde o outro se sente ouvido e compreendido. Como reforça Patrícia Capeluto, comunicação não é apenas sobre falar, mas sobre criar conexão e construir confiança.


No final das contas, a verdadeira arte de conversar está na disposição de ouvir, de se abrir e de transformar cada troca em um espaço seguro de acolhimento e crescimento.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

  Gramado, conhecida internacionalmente pelo Festival de Cinema, segue fortalecendo seu papel como um dos principais polos culturais do Brasil. Depois do sucesso da 53ª edição do evento, a cidade recebe agora a exposição pública “Fotogramas do Cotidiano” , uma iniciativa da Casa 100+ Gramado , que ocupará o Museu Hugo Daros e apresentará obras de 20 artistas vindos de diferentes regiões do país . A mostra nasce com o propósito de valorizar os instantes simples da vida diária, transformando-os em experiências artísticas. Assim como no cinema, em que cada cena compõe uma narrativa maior, as obras reunidas traduzem fragmentos do cotidiano em múltiplas linguagens — pintura, fotografia, escultura, instalações e meios híbridos. A curadoria assinada por Angela de Oliveira foi pensada para criar diálogos entre estilos, técnicas e olhares, transformando cada trabalho em um “fotograma expandido” da vida real. As obras revelam camadas de subjetividade e identidade que, muitas vezes, passa...

Inteligência artificial

                                  SA Ú DE TOTAL CONVERSAS PSICANALÍTICAS COM O DR. EDUARDO BAUNILHA       INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: ENTRE A MÁQUINA E A ARTE É interessante como a inteligência artificial tem muitos anos que está entre nós, mas agora ganhou um vulto bem significativo. Talvez um formato mais democrático, pois tomou uma frente e um espaço bem relevante em pesquisas pelo mundo inteiro. Evidentemente que emerge uma pergunta diante de algo que tem sido muito proclamado: qual o limite de uso desta ferramenta para que a criatividade não possa perder espaço na condição humana? Temos que lembrar que a palavra limite dá o tom que buscamos quando encontramos mecanismos que facilitam a realização de muitas tarefas, diante de um mundo frenético e apressado. Também não podemos esquecer que a máquina jamais conseguirá fazer o que o homem faz por não ter consciência do que faz. Foi criada p...

Encontro de Gigantes: Germano e Tiago de Ales visitam Kobra em seu ateliê em Itu

Germano no ateliê de Kobra em Itu   Por Gisele Lahoz Gramado (RS) – Representando os artistas da Casa 100+ by Cour des Arts , o artista Germano esteve ao lado de Tiago de Ales — brasileiro radicado na Bélgica — em uma visita memorável ao ateliê do renomado muralista Kobra, na cidade de Itu (SP). O encontro, além de simbólico, marca o início de uma colaboração promissora entre Brasil e Europa por meio da arte. A visita teve como objetivo recepcionar Tiago de Ales, que veio diretamente da Bélgica para conhecer a Casa 100+, sob curadoria da galerista e curadora Angela de Oliveira, em Gramado. A viagem resultou na formalização de uma parceria entre o espaço e o Cour des Arts — museu e galeria belga fundado por Tiago — com foco no desenvolvimento de projetos culturais conjuntos. Tiago e Kobra O Cour des Arts está em fase de implantação na região de Hannut, mais especificamente no vilarejo de Petit-Hallet, onde ocupa uma charmosa fazenda do século XVII. O espaço belga vai muito alé...